O período de chuvas na capital de Minas Gerais e sua região metropolitana se estende de outubro a março. Nos meses de dezembro e janeiro elas costumam ser mais intensas e, a cada ano, a situação das enchentes em Belo Horizonte se repetem.
Bairros alagados, ruas que se tornam momentaneamente rios e, em consequência, a preocupação da população.
Mas Belo Horizonte nunca teve um mês tão chuvoso quanto janeiro de 2020.
Até o dia 28, foram aproximadamente 942 milímetros de chuva, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A última vez que a cidade viu um número quase tão alto como esse foi em 1985, com 850 milímetros.
Mas você sabe por que acontecem as enchentes em Belo Horizonte, que causam estragos por onde passam? Venha entender mais neste artigo!
Qual foi o motivo de tanta chuva nos últimos dias?
As chuvas em BH tiveram início na metade do mês de janeiro e logo no dia 19 já estavam causando deslizamentos e enchentes. Para o dia 24, as previsões não eram muito animadoras e praticamente anunciavam um dilúvio.
A razão para as chuvas até então era a umidade amazônica. Porém, aproximando-se do fim do mês, o cenário mudou.
Um ciclone subtropical estava se formando na costa sudeste brasileira. Nomeado pela Marinha como Kurumi (que significa “menino” em tupi), ele já anunciava rajadas de vento e chuvas fortes e logo se transformou em uma tempestade subtropical, prolongando a previsão para os dias seguinte.
A alta da temperatura do oceano Atlântico (que subiu para cerca de 27°C, enquanto o normal é 22°C) potencializou a baixa pressão das águas — o que favorece a criação daquelas nuvens de chuva que vemos no céu. Outra característica desse fenômeno natural é sua capacidade de atrair a umidade.
Para entender melhor, é como se essa tempestade subtropical fosse um aspirador, que ficou dias sugando a umidade que estava vindo do norte do país.
Com isso e com os ventos que chegavam a 63km por hora, formou-se a Zona de Convergência do Atlântico Sul, resultando na maximização das chuvas.
Embora pareça um tanto assustador, esses fenômenos costumam acontecer no verão, apesar de não nessa mesma intensidade.
Então, por que esse volume de chuva atípico foi capaz de afetar tanto a cidade de Belo Horizonte? É o que vamos ver em seguida.
Por que as enchentes em Belo Horizonte acontecem com frequência?
Todo esse cenário de enchentes em Belo Horizonte é ainda pior porque a cidade foi construída em cima de rios.
Para permitir a circulação de carros e pessoas, além da criação de prédios e centros comerciais, essas águas foram canalizadas e impermeabilizadas — ou seja, elas são “escondidas” debaixo do concreto.
São cerca de 700km de ribeirões e córregos nessa região e grande parte (quase 30%) é canalizada.
Com isso, a água das chuvas não consegue ser absorvida pelo solo e acaba por preencher completamente as chamadas galerias subterrâneas.
Elas são cavidades em formato de túneis com, no mínimo, 1 metro de diâmetro e são escoadas para uma bacia de drenagem.
Já que os rios não seguem seus cursos naturais durante as chuvas fortes, essa água não tem para onde ir.
Os resultados são bueiros estourando e ela tentando sair para algum lugar. Agora imagine só a pressão que isso causou nas estruturas de asfalto! Aqueles pequenos buracos ou rachaduras se transformaram no cenário visto pelos vídeos: placas inteiras destruídas.
Para agravar a situação, ainda há a questão topográfica. BH está cercada de montanhas que formam “paredões” e fazem com que as águas das chuvas sejam direcionadas para os centros urbanos.
Os pequenos rios e córregos, então, tentam escoar esse volume em rios maiores, como é o caso do Arrudas. Logo, chegamos nos problemas mencionados acima.
Os bairros mais afetados e seus rios
Nas chuvas do dia 28 de janeiro, a região Centro-Sul foi uma das mais afetadas, com mais de 170 milímetros em menos de 24h. Um dos motivos foi a situação do Rio Arrudas nessa área do centro — que foi canalizado em 2007, formando, à época, um boulevard.
Já a região Oeste, que também foi muito afetada, tem o Córrego Ferrugem e o Ribeirão Arrudas — no Buritis, há o Córrego Cercadinho, em sua maioria canalizado. Enquanto isso, a área da Pampulha tem o Ribeirão Pampulha e o Córrego Sarandi.
As tendências para o futuro
Em 2016, um estudo ressaltava que 46% dos bairros de Belo Horizonte e da região metropolitana já estavam em alta vulnerabilidade.
Se o governo de Minas Gerais não fizer nada para resolver (ou ao menos minimizar) a situação, a previsão é que esse número suba para 68% em 2030.
O que isso significa para construções?
Com as chuvas enfraquecendo, a situação ainda é de alerta não só em BH, mas em todo o estado de Minas Gerais. Isso porque o solo está todo encharcado e o pouco sol que aparece não é capaz de conter a situação.
Em consequência disso, a tendência é que aumentem os deslizamentos de terra, que podem destruir desde casas até apartamentos ou rodovias. Em outras palavras, até que as chuvas cessem de vez, a região se encontra em alerta geológico.
Para saber se a sua construção está sendo afetada, fique de olho em:
- paredes em que apareceram trincas ou rachaduras;
- postes ou árvores se inclinando;
- poças d’água se formando no quintal ou rachaduras no solo;
- portas e janelas ficando emperradas.
Como medidas preventivas para a população, o ideal é não deixar lixos em ruas ou encostas, não provocar queimadas, arrumar quaisquer vazamentos em caixas d’água e colocar calha no telhado, caso a residência for uma casa.
Como vimos, as enchentes em Belo Horizonte têm origem na canalização de rios feitas para construir a cidade que vemos hoje, repleta de ruas e avenidas.
A partir de agora, as medidas previstas para o governo são transformar essa pavimentação em um sistema permeável, com áreas de escoamento para as águas.
Agora que você entendeu o motivo das chuvas e das enchentes em Belo Horizonte, aproveite para compartilhar o artigo em suas redes sociais!
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Que texto interessante!!!
Obrigada Thats 🙂
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Obrigada, Débora 🙂